Barcos virão e novas trarão!

Alguns dos fortes nas Flores e Corvo foram requalificados ao longo do tempo, tornando-se locais de apreciação da paisagem. No entanto, muitos deles desapareceram completamente, deixando apenas sua memória preservada nos nomes dos lugares.

Contexto histórico

As ilhas das Flores e do Corvo desempenharam um papel estratégico vital durante os séculos XVI e XVII devido às correntes e ventos favoráveis do Atlântico para a Carreira da Índia. Localizadas nessa rota, eram pontos de espera para as naus serem conduzidas até ao porto de Angra. No entanto, essa posição também as tornava alvos frequentes de piratas e corsários em busca de oportunidades para atacar e saquear as embarcações, utilizando as ilhas para reabastecimento.

A fortificação e uso de artilharia nas ilhas foram tardios e muitas vezes negligenciados, resultando na construção de recintos defensivos de baixa qualidade que se degradavam rapidamente devido à ação erosiva do mar e dos ventos fortes. Assim, a defesa concentrou-se principalmente na vantagem natural das escarpas impenetráveis e no lançamento de rochedos ao mar para afastar navios hostis.

Durante este passeio, vai poder observar marcas e vestígios do tempo da passagem das naus da Índia

Forte de Nossa Senhora do Rosário

Quando a vila das Lajes das Flores foi invadida e saqueada por cinco navios ingleses, em 1587, os moradores puseram-se a salvo fugindo para os matos do interior, mas essa forma de proteção foi possível devido à existência de uma vigia que permitiu dar o alerta. No início do século XVIII essa vigia já é designada como Fortim de Nossa Senhora do Rosário, certamente porque se situava perto da matriz da vila que tem essa invocação.

Visite a Vila das Lajes e observe os seus edifícios recuados da linha de costa, como forma de proteção aos ataques

Forte de Nossa Senhora dos Milagres - ilha do Corvo

O Forte de Nossa Senhora dos Milagres, na costa sul da ilha do Corvo, defendia o ancoradouro da Calheta, um dos três que serviam a localidade. Terá sido construído nos finais do século XVI porque, como informa Gaspar Frutuoso, ali, a costa era rasa e facilmente se embarcava e desembarcava. Pela mesma altura se terá feito uma parede alta de cinco ou seis palmos de altura e uma légua de comprimento até à zona mais escarpada – o Pesqueiro Alto.

Visite também a Vila do Corvo

O corsário Peter Easton

O relacionamento do corsário inglês Peter Easton com a ilha das Flores remontará a 1609, quando aqui fez, pela primeira vez, aprovisionamento de carne, água e lenha. Nos anos seguintes as visitas repetiram-se testemunhando a conveniência para ambas as partes de uma amizade pacífica. Conta-se, até, que uma filha do capitão-mor das Flores terá sido prometida de Easton, mas certo é que, sob a acusação de proteção aos corsários, o ouvidor da ilha e o capitão-mor foram presos.

Ponta da Caveira

A ponta da Caveira tem essa designação devido a um náufrago, certamente protestante inglês, que ali foi ter, e onde ficou o resto da vida. Quando morreu uma caveira começou a aparecer, e os vizinhos interpretaram o fenómeno como uma súplica para que se rezassem missas em seu nome. Satisfeito o pedido a caveira deixou de incomodar os locais… não sem que antes se tenha construído um nicho para o contar a história.

Visite também a Gruta do Enxaréu, local de refúgio de embarcações piratas e corsários

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